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Nas últimas décadas, cada nova geração que ingressa no mercado de trabalho traz consigo mudanças significativas nas formas de se trabalhar, nas expectativas em relação ao ambiente corporativo e nas ferramentas utilizadas no dia a dia profissional. Atualmente, é a vez da Geração Z – composta por jovens nascidos entre 1997 e 2012 – de provocar uma revolução no mercado de trabalho brasileiro. Essa transformação é visível em diversas áreas, desde o comportamento no ambiente profissional até a forma como as empresas estão sendo forçadas a repensar suas estruturas e culturas organizacionais.
Segundo Luiz Antonio Duarte Ferreira, especialista em comportamento organizacional e tendências de trabalho, compreender a Geração Z é essencial para qualquer empresa que queira se manter competitiva nos próximos anos. “Estamos lidando com uma geração que nasceu conectada, que valoriza a autenticidade, a agilidade e a liberdade. Ignorar isso é comprometer o futuro da organização”, afirma Ferreira.
1. Conectividade e fluência digital como pré-requisito
Uma das características mais marcantes da Geração Z é a sua fluência digital. Diferente das gerações anteriores, esses jovens não apenas utilizam a tecnologia – eles nasceram com ela. Para muitos deles, o uso de smartphones, redes sociais, inteligência artificial e ferramentas colaborativas online é tão natural quanto respirar.
Essa realidade está alterando profundamente a dinâmica do mercado de trabalho. Segundo Luiz Antonio Duarte Ferreira, as empresas estão percebendo que a Geração Z espera infraestrutura tecnológica eficiente, ambientes de trabalho flexíveis e processos dinâmicos. “Eles não aceitam perder tempo com sistemas lentos, processos burocráticos ou rotinas ultrapassadas. A Geração Z quer produtividade com liberdade”, afirma o autor.
2. A busca por propósito e valores alinhados
Diferente da Geração X e até mesmo dos Millennials, a Geração Z tem uma forte inclinação para o propósito. Isso significa que esses jovens querem trabalhar em empresas que representem algo mais do que apenas lucro. Eles buscam organizações que tenham valores claros, posicionamentos sociais e ambientais responsáveis, e que demonstrem impacto positivo na sociedade.
Essa característica tem feito com que muitas empresas repensem seus discursos e, mais do que isso, suas práticas internas. O ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) deixou de ser apenas um diferencial competitivo e passou a ser, em muitos setores, um fator essencial para atrair e reter jovens talentos da Geração Z.
Luiz Antonio Duarte Ferreira reforça essa ideia ao dizer que “os jovens da Geração Z não querem apenas um emprego – eles querem uma causa. Eles precisam sentir que estão contribuindo para algo significativo, algo que esteja alinhado com seus valores pessoais”.
3. Flexibilidade e o fim do modelo tradicional de trabalho
Com a pandemia da COVID-19, o home office ganhou força no Brasil e no mundo. A Geração Z, por sua vez, viu nessa mudança uma confirmação de que o modelo tradicional de trabalho com horários rígidos e presença física obrigatória já não faz mais sentido.
Essa geração valoriza a flexibilidade – tanto de horário quanto de local de trabalho. Muitos jovens dessa geração preferem atuar de forma remota ou híbrida, conciliando melhor a vida pessoal com a profissional. Além disso, muitos estão optando pelo trabalho freelancer, pelo empreendedorismo digital ou pela atuação em startups, onde geralmente encontram mais liberdade criativa.
Para Luiz Antonio Duarte Ferreira, a flexibilidade é um dos pilares da nova cultura de trabalho. “A rigidez dos antigos modelos corporativos está sendo questionada. A Geração Z está mostrando que é possível manter produtividade, engajamento e resultados sem abrir mão da autonomia e da qualidade de vida”, aponta Ferreira.
4. Novas formas de liderança e comunicação
A forma como a Geração Z se comunica também é um fator que impacta diretamente o ambiente de trabalho. Eles são mais diretos, preferem mensagens curtas (como as de aplicativos de mensagem instantânea) e evitam formalidades desnecessárias. Além disso, esperam respostas rápidas e feedbacks constantes.
Esse comportamento exige novas formas de liderança, mais horizontal e menos autoritária. Líderes que impõem regras sem explicações ou que não demonstram abertura ao diálogo tendem a perder a conexão com essa nova geração.
Luiz Antonio Duarte Ferreira explica que “os líderes precisam entender que a Geração Z valoriza a escuta ativa, o reconhecimento e a participação. Eles querem ser ouvidos, querem colaborar e sentir que têm voz nas decisões da empresa”.
5. Diversidade, inclusão e respeito às individualidades
Outra bandeira importante para a Geração Z é a da diversidade e inclusão. Essa geração cresceu em um ambiente mais aberto às discussões sobre identidade de gênero, orientação sexual, raça e inclusão social. Como consequência, esperam que o ambiente de trabalho também reflita esses valores.
Empresas que não adotam políticas claras de inclusão ou que toleram ambientes tóxicos e discriminatórios têm cada vez mais dificuldades em atrair e manter jovens profissionais. Para a Geração Z, não basta apenas “fazer marketing” sobre diversidade – é preciso que essas ações sejam reais e parte do cotidiano corporativo.
6. Educação contínua e desenvolvimento pessoal
Apesar de serem jovens, os integrantes da Geração Z têm uma forte noção da importância do aprendizado contínuo. Por serem autodidatas em muitos casos, buscam oportunidades de crescimento pessoal e profissional dentro das organizações.
Treinamentos online, plataformas de cursos, programas de mentoria e oportunidades de troca de experiências são diferenciais valorizados por esses jovens. Mais do que isso, eles querem ter liberdade para aprender no seu próprio ritmo, muitas vezes fora dos métodos tradicionais de ensino corporativo.
7. Impacto no recrutamento e retenção de talentos
Todas essas mudanças trazidas pela Geração Z estão fazendo com que os departamentos de RH também se transformem. As empresas precisam adaptar suas estratégias de recrutamento, utilizando redes sociais, gamificação e inteligência artificial para atrair candidatos mais jovens.
Além disso, o foco na retenção se tornou mais desafiador. “É comum vermos jovens da Geração Z mudando de emprego com poucos meses de contrato, simplesmente porque não se sentem motivados ou alinhados com a cultura da empresa”, explica Luiz Antonio Duarte Ferreira. Para ele, reter talentos da Geração Z exige investimento real em cultura, propósito, liderança humanizada e oportunidades de crescimento.
Conclusão
A presença da Geração Z no mercado de trabalho brasileiro não é apenas uma novidade – é uma força transformadora. Com seus valores, hábitos e expectativas, esses jovens estão desafiando as empresas a evoluírem, a se tornarem mais humanas, tecnológicas, inclusivas e flexíveis.
Para Luiz Antonio Duarte Ferreira, esse movimento não deve ser visto como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade de evolução e inovação. “A Geração Z está nos ensinando que o trabalho não precisa ser sinônimo de sacrifício. Pode ser prazeroso, engajado e com propósito. Basta que tenhamos coragem para mudar”, conclui.
O mercado de trabalho está mudando – e a Geração Z está liderando essa transformação com ousadia, criatividade e consciência social. Cabe às empresas, líderes e profissionais das gerações anteriores abrir espaço para o novo e aprender com quem já nasceu preparado para o futuro


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